sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alguns Casos

Em meio à transposição, Rio São Francisco morre a cada dia.

Apesar de ser objeto de um projeto de transposição no Nordeste do Brasil, o Rio São Francisco é um dos cursos d’água mais degradados de Minas Gerais, num trecho bem grande de seu leito no Estado onde nasce.
O relatório de avaliação da qualidade das águas superficiais de 2012, elaborado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), mostra que o Velho Chico apresentou nesse ano o pior resultado de densidade de cianobactérias.
A reportagem é publicada por Combate Racismo Ambiental, 30-10-2013.
O problema levou a Comissão Extraordinária das Águas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) até o município de São Francisco (Norte de Minas), onde foi realizada audiência pública em agosto deste ano.
A comissão, criada em março deste ano com previsão de funcionamento por dois anos, tem como objetivos: realizar estudos e debates sobre a situação dos recursos hídricos do Estado; propor políticas públicas que promovam o uso sustentável da água, sua proteção e conservação; e propor a atualização dos instrumentos legais sobre o tema.
Entre todos os rios do Estado, somente no São Francisco foi registrada a densidade de cianobactérias acima de 100 mil células por mililitro de água. Esse índice foi obtido a jusante (abaixo) da cidade de São Francisco, com o predomínio da bactéria Planktothrix sp. Além disso, medições efetuadas em três unidades de planejamento e gestão dos recursos hídricos situadas entre Três Marias (Região Central do Estado), no trecho a jusante da cidade, e Manga(Norte de Minas), apresentam o índice acima de 10 mil células/ml.Para se ter uma ideia da gravidade desse quadro, a quantidade acima de 10 mil células/ml não permite a recreação de contato primário, segundo a Deliberação Normativa 01/08, baixada em conjunto pelos Conselhos Estaduais de Política Ambiental e de Recursos Hídricos. Isso significa que a água do São Francisco nesse trecho não é adequada para contato direto e prolongado, como acontece quando se nada ou se mergulha num rio e há grande possibilidade de o banhista ingerir água.
Trecho crítico
Tentando lidar com tamanho problema, já está em funcionamento o Comitê dos Afluentes Mineiros do Médio São Francisco (SF9), que atua na maior parte desse trecho crítico do rio. Um dos últimos comitês de bacias hidrográficas (CBHs) mineiros a ser formado, o SF9 foi criado em 2008 e não conta ainda com estrutura adequada, que permita uma atuação mais incisiva no combate às agressões ao chamado “Rio da Integração Nacional”.
Em audiência da Comissão Extraordinária das Águas realizada em agosto de 2013, o presidente do comitê, João Naves de Melo, avaliou que, antes de falar em transposição, deve-se promover com urgência a revitalização do São Francisco, por meio de ações efetivas de combate aos problemas que afetam o rio e seus afluentes no Norte de Minas. Na avaliação de Naves, o rio dá sinais de que está morrendo lentamente, como mostra a redução das águas e de peixes no seu leito, já com quantidade alta de cianobactérias. Ele citou vários exemplos de comunidades próximas ao rio que, ironicamente, não podem fazer uso da água, por estar poluída.
Para enfrentar o desafio de cuidar de uma bacia hidrográfica extensa e heterogênea, o Comitê dos Afluentes Mineiros do Médio São Francisco ainda conta com poucos recursos financeiros e materiais. Como o comitê SF9 ainda não conta com a cobrança pelo uso da água, fica dependendo totalmente dos repasses de recursos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro), que não vinham sendo feitos de forma regular.
Mesmo representando Minas em fórum nacional, projeto é rejeitado no Igam
Além da dificuldade pontual de falta de repasses do Fhidro, João Naves reclama que vários projetos elaborados pelo comitê, que abrange 24 municípios, são reprovados pelo órgão gestor do Fhidro, o Igam. Ele cita o projeto para recuperação e manutenção de uma barragem em São Francisco, a represa da Jiboia, no distrito de Santana do São Francisco, a qual atende a cerca de 2 mil pessoas. Abaixo da barragem, muitas atividades são desenvolvidas, dentre elas o plantio de hortas e pomares.
Segundo Naves, há cerca de dois anos o projeto foi escolhido pelo Fórum Mineiro de Comitês de Bacias para representar Minas Gerais no Fórum Nacional. “Mesmo com essa aprovação dos comitês de todo o Estado, o Igam reprovou o projeto, por detalhes técnicos”, lamenta. Apesar disso, Naves disse que o comitê continua atuando na represa, mesmo sem os recursos do Fhidro. “Se nada for feito, centenas de famílias que dependem daquela barragem ficarão sem água”, alerta.
Naves explica que pequenas intervenções emergenciais são providenciadas pelo próprio comitê, por meio de sua rede de parceiros. “Mas há coisas que não conseguimos fazer, pois são muito caras e ficamos dependendo de um aporte maior de verbas”, esclarece. Ele detalha que a Represa da Jiboia precisa ser toda cercada, para evitar que animais ou mesmo pessoas entrem nela e estraguem as margens e sujem as águas.
“A barragem também já tem muitos vazamentos e está perdendo muita água. Tudo isso tem que ser consertado para que ela retenha o máximo de água possível”, alerta o presidente do SF9, João Naves. Ele ressalta a importância de preservar a Represa da Jiboia, já que ela, juntamente com o Rio São Francisco, detém as únicas águas não subterrâneas da cidade. “Hoje, 95% do abastecimento do município é feito por meio de poços artesianos”, informa.
Capacitação
Para que esse e outros projetos para a bacia sejam aperfeiçoados, de modo a atender às exigências do Igam, uma equipe do comitê foi capacitada recentemente. “No mês passado, duas técnicas do Igam vieram a São Francisco e ministraram um curso de 16 horas sobre como fazer os projetos com captação de recursos do Fhidro”, afirmou João Naves. Depois dessa atividade, ele já anunciou que o comitê vai encaminhar novamente o projeto para análise. “Esperamos que seja aprovado desta vez”, diz.
Outro projeto que o SF9 pretende encaminhar visa à recuperação do Rio Acari, que passa por Chapada Gaúcha, São Francisco Pintópolis, no Norte de Minas. João Naves explica que o trabalho a ser desenvolvido é principalmente recuperar as cabeceiras do Acari, proteger as nascentes de seus afluentes e conscientizar os produtores rurais. “Já fizemos reuniões tentando sensibilizar os produtores, porque a situação lá é complicada. Estão fazendo pastos e plantio na beira do Acari e de seus afluentes, como no Rio Vieira, que é intermitente, e no Rio Lajes”, alerta.
De caráter ainda mais abrangente é o projeto de construção de cem barraginhas e outras barragens maiores, também com financiamento do Fhidro. De acordo com Naves, essas intervenções ajudariam a amenizar outra questão que preocupa o comitê: a sobrevivência do homem do campo, dificultada pela redução gradual da água dos rios. “Os poços tubulares também estão secando e caminhões-pipa não resolvem o problema”, lamenta ele, citando várias localidades de São francisco nessa situação, como os distritos de Marruás, Penedo e Novo Horizonte.

 O Mar Morto esta morrendo

O Mar Morto é uma atração turista para todos que viajam para Israel e outras regiões no Oriente Médio. As pessoas têm curiosidade em verificar que podem permanecer suspensas na água do mar sem afundar, isso porque ele contém alta salinidade. Se no resto dos mares é de 35 gramas por litro, no Mar Morto é de 350 gramas por litro.
 ''A principal razão para a diminuição da vazão é que a maior parte da água que entrava no mar Morto, hoje, é interceptada no caminho e usado por Israel, Jordânia, Síria e Líbano para beber”.
Os valores naturais do Mar Morto já não são uma prioridade, por isso foi decidido que a água potável era "mais importante". Do montante atingindo uma parte é utilizada pelas indústrias de Israel e da Jordânia para extrair os minerais.
 Até o momento, não se chegou a qualquer fórmula que os especialistas considerassem ideal. Uma das primeiras soluções a serem estudadas foi a construção de um canal para que ele se juntasse ao Mediterrâneo. Também foi sugerida a criação de um canal no Mar Vermelho. Mas a grande questão é como reagiria com a água do Mar Morto com uma água tão diferente da sua.
 A superfície do Mar Morto era de 1.025 quilômetros quadrados em 1945. Hoje, é quase 625, e em pouco mais de 100 anos terá metade do seu tamanho atual de acordo com dados oficiais. Em certos pontos a costa está há 600 metros de onde estava há 20 anos.
 O litoral recuou tanto que os turistas encontram dificuldades para chegar ao mar. Áreas secas são criadas e outras se tornam lama intransitável. Acontece também que a água que flui em direção ao mar desde as montanhas, por causa do baixo nível do mar, cava muito fundo e põe em risco a infra-estrutura com crateras.
 O Mar Morto, hoje, tem uma superfície de aproximadamente 625 km ², 67 km de comprimento e largura máxima de 18 km, com profundidade máxima de 378 m, a uma altitude de 400 m abaixo do nível do mar e salinidade média 10 vezes maior do que dos oceanos.



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Possíveis Soluções

O futuro do Mar de Aral é incerto. Não se sabe se é possível, viável e necessário recuperá-lo. Há diversas sugestões no sentido de ajudar em sua recuperação, tais como:
·                     Melhorar a eficiência dos canais de irrigação;
·                     Instalar estações de dessalinização de água;
·                     Instruir os agricultores a usar menos as águas dos rios;
·                     Plantar cultivares de algodão que necessitem de menos água;
·                     Usar menos produtos químicos nas plantações;
·                     Reduzir o número de fazendas de algodão próximas ao lago e afluentes;
·                     Construir barragens para encher o Mar de Aral;
·                     Desvio de água dos glaciares da Sibéria para repor a água perdida do Aral;
·                     Redirecionar a água dos rios Volga, Ob e Irtich. Assim, se levaria de 20 a 30 anos para restaurar sua antiga dimensão, a um custo provável de US$50 milhões; 
·                     Diluir a água do Aral com água do oceano e do Mar Cáspio, através de bombas e gasodutos.

Morte do Mar Aral


É publicamente aceite que esta morte trágica do Mar de Aral começou em 1960. Foi o ano em que os projetistas de Moscovo inauguraram o Projeto do Mar de Aral, um ambicioso programa econômico que visava a conversão de terrenos baldios na cintura do algodão da União Soviética. Os projetistas atribuíram à Ásia central o papel de fornecedor de matérias-primas, em especial de algodão. Isto conduziu a uma redução substancial de semeaduras de colheitas tradicionais como a alfafa e de plantas que se cultivavam para fornecer óleo vegetal. Pomares e árvores de amoras foram arrancados para permitir plantar mais algodão. O desejo de expandir a produção de algodão para as terras desertas aumentou a dependência da Ásia central da irrigação, especialmente do Uzbequistão.  O Mar de Aral e os seus afluentes pareciam ser uma fonte inesgotável de água. Foram abertos canais de grande extensão para espalhar as águas dos Amudaria e Sirdaria por todo o solo desértico. A área irrigada aumentou a sua superfície em menos de uma década para 6,9 milhões de hectares: metade dessas terras produziam algodão e a outra metade arroz, trigo, milho, frutas, legumes e forragens para o gado. Não é necessário dizer-se que a agricultura de regadio não foi planeada com o propósito de destruir a natureza. Gerando um enorme rendimento, a agricultura de regadio constituiu um sucesso brilhante. Segundo Moscovo, os anos iniciais do projeto foram uma proeza. As quotas de produção do algodão e de outros produtos eram realizadas ou excedidas ano após ano. A bacia do Mar de Aral tornou-se o principal fornecedor do país de produtos frescos. Os rendimentos nas cinco repúblicas da Ásia central que compartilhavam a bacia – Kasaquistão e Uzbequistão, ao redor das margens do Mar de Aral e Kirguizistão, Tadjiquistão e Turkmenistão ao sul na bacia hidrográfica dos rios Amudaria e Sirdaria – aumentavam regularmente. De 1940 a 1980, a produção de algodão soviético aumentou de 2,24 para 9,1 milhões de toneladas. A maior parte deste algodão era proveniente do Uzbequistão, Turkmenistão e Tadjiquistão, que, conjuntamente, eram responsáveis por quase 90% de toda a produção soviética [Critchlow,199]. 
  As complicações surgiram porque a contração do Mar de Aral, e outras consequências causadas pela irrigação, tinham sido tratadas como questões sem importância pelas autoridades até 1970. Não foi o projeto em si, mas antes os métodos agrícolas mal concebidos e mal geridos que destruíram a economia, saúde e ecologia da bacia do Mar de Aral, afetando milhões de pessoas. Foram construídos numerosos canais e a construção de várias barragens foi feita precipitadamente. Por altura de 1978, uma extensa rede de canais de irrigação estendeu-se peles desertos para matar a sede ao algodão ao longo de 7,7 milhões de hectares, principalmente em Uzbequistão. Os canais principais e secundários foram escavados na areia sem terem sido colocadas condutas tubulares, e não se procedeu à cimentação. Também não se prestou importância à drenagem dos solos. Em certas alturas do ano, eram fechadas as comportas e a água era dirigida diretamente para os campos, um sistema que causava uma tremenda perda de água. Menos de 10% da água absorvida era diretamente benéfica para a colheita. A restante desaparecia no solo arenosos ou evaporava-se. Foram estes programas largamente ineficazes que eram adaptados para satisfazer a enorme procura de água que, por fim, resultaram na secagem do Mar de Aral. A resultante descida de nível do Mar de Aral era suposta ser remediada por projetos ambiciosos de desvio de rios no norte da Rússia. Esses projetos nunca se realizaram e o lago continuou a secar ano após ano. O resultado foi catastrófico, e a irrigação que fez florescer o deserto e aumentar os rendimentos, pôs em marcha uma desastrosa cadeia de acontecimentos logo detectados na descida dos níveis de água e no declínio das capturas de peixe. 
  Portanto, infelizmente, em vinte anos, o quarto maior mar interior da terra passou a ser uma planura de sal, seca, contaminada e tóxica. A crise ecológica na área do Mar de Aral atinge agora a que foi a fértil república autônoma do  no Uzbequistão, Tashauz Velayat no norte do Turkmenistão e Kzyl Orda Oblast na parte ocidental do Kasaquistão. Toda esta região foi atacada por um dos piores desastres ambientais. Antes de 1960, entravam no Mar de Aral 55 biliões de metros cúbicos de água, conservando-o a um nível saudável. Durante os anos 80, a média do caudal que corria para o lago era de apenas 7 mil milhões de metros cúbicos. Recentemente, apenas de 1 a 5 mil milhões de metros cúbicos chegam anualmente ao lago. Perderam-se desde 1960, 75% do volume do lago, e há fortes receios de que secará totalmente por volta de 2015. No passado, o Mar de Aral oscilava em resposta às condições climatéricas no mundo, subindo quando os glaciares derretiam e descendo quando se formavam. Em condições naturais o Mar de Aral subiria neste momento – o Mar Cáspio que se encontra próximo subiu 2 metros desde 1977 devido ao aumento da precipitação e diminuição da evaporação. 
  

Situação Atual

A superfície do Mar de Aral já reduziu em 60% do seu tamanho e em cerca de 80% do seu volume. Em 1960 o Mar de Aral era o quarto maior lago do mundo, com uma área aproximada de 68 000 km ², e um volume de 1 100 km ³. Em 1998, caiu para 28 687 km ², o oitavo maior lago do mundo. Durante o mesmo período, a salinidade do mar aumentou cerca de 10 g/l para cerca de 45 g/l.
Em 1987 a redução gradual dos níveis de água acabou dividindo o lago em dois volumes separados de água, ao norte do Mar de Aral e ao sul do Mar de Aral, o último, por sua vez, dividido na zona central e na porção ocidental. Embora um canal tenha sido construído para ligar o norte e o sul, a conexão foi perdida em 1999 devido à queda cada vez mais acentuada do nível das águas.
No entanto, foram feitas obras para preservar o norte do Mar de Aral, incluindo-se a construção de barragens para garantir a preservação de um fluxo constante de água doce. Em outubro de 2003, o governo do Cazaquistão anunciou um plano para construir uma barragem de concreto, a barragem Kokaral chamado para separar as duas metades do Mar de Aral, de modo que pudesse aumentar o nível de água nesse pedaço de terra original e reduzir os níveis de salinidade, o objetivo foi alcançado em 2007. Por razões econômicas, o sul do Mar de Aral foi abandonado a sua sorte. Em sua agonia, está deixando enormes planícies de sal, que produzem tempestades de areia , que chegam a lugares distantes como o Paquistão e o Ártico,e fazem os invernos mais frios e os verões mais quentes Uma das tentativas para atenuar esses efeitos é a plantação de vegetação no fundo do mar antigo, a terra agora. .
No verão de 2003 o sul do Mar de Aral estava desaparecendo mais rápido do que o previsto. A superfície está apenas 30,5 metros acima do nível do mar (3,5 metros menor do que planejado no início dos anos 90), e a água tem uma salinidade 2,4 vezes maior do que o oceano. Nas partes mais profundas do mar, as águas mais baixas tem maior concentração de sal do que as águas superficiais, formando dois tipos de água que não se misturam uns com os outros.Portanto, apenas o aquecimento da superfície do mar no verão e se evapora mais rapidamente do que o esperado. Estimativas baseadas em dados recentes, a parte ocidental do Mar de Aral Sul vai desaparecer nos próximos quinze anos (2003), enquanto a parte oriental poderia ser mantida, de forma precária, por tempo indeterminado.
O ecossistema do Mar de Aral e dos deltas dos rios que desaguam nele está praticamente destruído, em grande parte pela alta salinidade. Além da terra em torno do mar ser muito poluída, as pessoas que vivem na região sofrem de escassez de água doce, juntamente com vários problemas de saúde.A contração do mar fez extensas planícies cobertas com sal e produtos químicos tóxicos, que são levadas pelo vento para as áreas habitadas. A população perto do Mar de Aral tem uma alta incidência de certas formas de câncer e doenças pulmonares, entre outras doenças, possivelmente devido a alterações no DNA culturas tradicionais também estão sendo destruídas por depósitos de sal na terra. A cidade de Moynaq no Uzbequistão no passado foi um movimentado porto da indústria pesqueira que empregava cerca de 60.000 pessoas. Hoje a cidade está longe muitas milhas da costa nova. Os barcos de pesca estão encalhados em terra nas planícies que foram outrora o fundo do mar. Muitos desses barcos estão abandonados há mais de vinte anos. A única empresa pesqueira que continua na região se encarrega de importar peixes do oceano Pacífico, a milhares de quilômetros.A tragédia do Mar de Aral foi contada no filme Psy (Псы, "Dogs"), Dmitri Svetozarov (URSS, 1989). O filme foi gravado em uma das cidades fantasmas da costa, entre os edifícios e navios abandonados.

O Encolhimento

O governo soviético começou a desviar parte das águas dos rios que alimentavam o Mar de Aral, o Amu Darya (ao sul) e o Syr Darya (no nordeste) em 1918 . Com o fim da I Guerra Mundial havia a necessidade de aumentar a produção de alimentos, tais como arroz, cereais e melões. Havia também planos de se produzir algodão no
deserto próximo ao lago; o algodão sempre valorizado era chamado “ouro branco”.
Nos anos 40 acelerou-se a construção dos canais de irrigação que captavam água dos afluentes do Mar de Aral. O conhecimento rudimentar da técnica e engenharia produziu canais ineficientes (mal construídos), e havia perda de até 75% de toda água captada em vazamentos e evaporação.
No início, a irrigação das plantações consumia aproximadamente 20 km³ de água a cada ano, porém, em ritmo crescente. Já na década de 1960, a maior parte do abastecimento de água do lago tinha sido desviado e o Mar de Aral começou a perder tamanho. De 1961 a 1970 o lago baixou 20 cm por ano, e essa taxa cresceu 350% até 1990. Em 1987, a redução contínua do nível da água levou ao aparecimento de grandes bancos de areia, causando uma separação em duas massas de água, formando o Aral do Norte (ou Pequeno Aral) e o Aral do Sul (ou Grande Aral). 
A quantidade de água retirada dos rios que abasteciam o Mar de Aral duplicou entre 1960 e 2000, assim como a produção de algodão. No mesmo período, o Uzbequistão tornou-se o 3º maior exportador de algodão do mundo. Como consequência da redução do volume de água, a salinidade do lago quase quintuplicou e matou a maior parte de sua fauna e flora naturais. A próspera indústria pesqueira faliu, assim como as cidades ao longo das margens. Houve desemprego e dificuldades econômicas. 
As poucas águas do Mar de Aral também ficaram fortemente poluídas, em grande parte como resultado de testes com armamentos e projetos industriais, e o uso maciço de pesticidas e fertilizantes. As pessoas passaram a sofrer com a falta de água doce e as culturas na região estão sendo destruídas pelo sal depositado sobre a terra. Nos últimos anos, o vento tem soprado sal a partir do solo seco e poluído, e causado danos à saúde pública. Há também relatos de alterações climáticas na região, com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios. A situação do Mar de Aral e sua região é descrita como a maior catástrofe ambiental da história.
Há duas vertentes que pretendem explicar o processo de desertificação:
1.        Fenômeno Natural: o Mar de Aral estaria morrendo naturalmente devido a fatores climáticos e geológicos (vertente defendida oficialmente pelo governo soviético no início do fenômeno);
2.        Fenômeno Antropogênico: o desvio das águas dos rios que desembocam no Mar de Aral estaria causando o problema (vertente consensual defendida atualmente).


Alguns peritos do governo soviético consideraram, na época, como “erro da natureza” o que estava acontecendo com o Aral. Um engenheiro soviético declarou, em 1968, que era “óbvio para todos que a evaporação do Mar de Aral era inevitável”,confirmando a tese de causas naturais. Contudo, já se sabia das manobras da União Soviética com as águas e das prováveis consequências das ações. Um outro membro do governo soviético, o engenheiro Aleksandr Asarin, salientou que o lago estava condenado, explicando que aquilo “fazia parte dos planos quinquenais, aprovado pelo Conselho de Ministros e do Politburo. Ninguém, de menor patente, ousaria dizer uma palavra contradizendo os planos”. Tal afirmação, em 1964, contribui com a certeza de que o perecimento do lago não foi uma surpresa para os soviéticos, pois eles esperavam que ela acontecesse muito antes.




Afluente




As nascentes dos dois rios afluentes ficam nas altas montanhas do sistema do Himalaia e distanciam cerca de 2.000 km da foz. Durante toda esta extensão, os rios cortam quatro países (a saber:Afeganistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão), sendo uma preciosa fonte de recursos naturais, com grande variedade biológica, em meio ao clima desértico. A indústria pesqueira era a principal atividade econômica da região. No século XX os dois rios passaram a receber lixo, esgoto e poluentes com o desenvolvimento das comunidades próximas, e foram alvo de sucessivas drenagens pelo governo soviético das repúblicas da Ásia Central. A partir de 1920 o fluxo dos rios diminuiu consideravelmente.

Formação

O Mar de Aral já foi o 4º maior lago do planeta, com área de 68.000km² (quase do tamanho da Irlanda) e 1.100 km³ de volume de água. Ele e seu companheiro mais próximo e maior, o Mar Cáspio, são "restos" geológicos de um grande mar interior que dominava a paisagem russa milhões de anos antes e que se retraiu, deixando-os como lembrança de sua passagem. Seu nome significa mar das ilhas e está (ou estava, dependendo do contexto) situado no que hoje é a divisa do Uzbequistão com o Cazaquistão, mas a triste história de seu fim tem origem quando estes dois países ainda eram parte da grande  URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.O lago localiza-se numa bacia hidrográfica endorreica,  isto é, onde as águas das precipitações e rios correm para uma depressão no solo, um ponto fechado onde se acumulam.No período Terciário (68 a 1,8 milhão de anos atrás) provavelmente aquela depressão estava conectada ao Mar Cáspio, ao Mar Negro, e a outros lagos próximos de mesma origem geológica e também de formação endorreica. Durante o Pleistoceno (de 1,8 milhão até 20 mil anos atrás) certamente ocorreu a separação e o isolamento final do Mar de Aral, porém ele continuou a ser alimentado simultaneamente com as águas dos rios Amu Daria e Syr Darya, tornando-o um verdadeiro oásis no deserto da Ásia Central. Com o tempo, a água do lago passou a concentrar todo o sal trazido pelos rios, uma vez que a água acumulada continuou o seu ciclo, evaporando por milhares de anos.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Introdução

Mar de Aral era um lago de água salgada, localizado na Ásia Central, entre as províncias Cazaques de Aqtobe e Qyzylorda (ao Norte), e a região autônoma usbeque de Cazaquistão (ao Sul). O nome (em português, mas das Ilhas) refere-se a grande quantidade de ilhas presentes em seu leito (mais de 1500). Este já foi o quarto maior lago do mundo com 68000 KM²  de superfície e 1100 KM³ de volume de água, mas em 2007 já havia se reduzido a apenas 10% de seu tamanho original, e em 2010 estava dividido em três porções menores, em avançado processo de desertificação.

 A outrora próspera indústria Pesqueira foi praticamente destruída, provocando desemprego e dificuldade econômicas. A Região também foi fortemente poluída, com graves problemas de saúde pública como conseqüência. O Recuo do Mar também já teria provocado a mudança climática local com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios e longos. Atualmente, existe um esforço contínuo no Cazaquistão para salvar e recuperar o norte do Mar de Aral. Como parte deste esforço,  um projeto de uma barragem foi concluída em 2005 e em 2008 o nível de água nesse local já havia subido doze metros a de seu nível mais baixo em 2003. A salinidade caiu e os peixes são encontrados em números suficientes para tornar a pesca viável, no entanto, as perspectivas para o mar remanescente do sul permanece sombria, tendo sido chamado de ‘’ Um dos piores desastres ambientais do Planeta’’.