O governo soviético
começou a desviar parte das águas dos rios que alimentavam o Mar de Aral,
o Amu Darya (ao sul) e o Syr Darya (no
nordeste) em 1918 . Com o fim da I Guerra Mundial havia a
necessidade de aumentar a produção de alimentos, tais
como arroz, cereais e melões. Havia também planos de se
produzir algodão no
deserto próximo ao lago; o algodão sempre
valorizado era chamado “ouro branco”.
Nos anos
40 acelerou-se a construção dos canais de irrigação que captavam
água dos afluentes do Mar de Aral. O conhecimento rudimentar da técnica e
engenharia produziu canais ineficientes (mal construídos), e havia perda de até 75% de toda água captada em vazamentos e evaporação.
No início, a irrigação das plantações consumia aproximadamente
20 km³ de água a cada ano, porém, em ritmo crescente. Já na década de
1960, a maior parte do abastecimento de água do lago tinha sido desviado e o
Mar de Aral começou a perder tamanho. De 1961 a 1970 o lago
baixou 20 cm por ano, e essa taxa cresceu 350% até 1990.
Em 1987, a redução contínua do nível da água levou ao aparecimento de
grandes bancos de areia, causando uma separação em duas massas de água,
formando o Aral do Norte (ou Pequeno Aral) e o Aral do
Sul (ou Grande Aral).
A quantidade de água
retirada dos rios que abasteciam o Mar de Aral duplicou
entre 1960 e 2000, assim como a produção de algodão. No mesmo
período, o Uzbequistão tornou-se o 3º maior exportador de algodão do
mundo. Como consequência da redução do volume de água,
a salinidade do lago quase quintuplicou e matou a maior parte de sua
fauna e flora naturais. A próspera indústria pesqueira faliu, assim como as cidades ao longo das margens.
Houve desemprego e dificuldades econômicas.
As poucas águas do Mar de Aral também ficaram fortemente poluídas,
em grande parte como resultado de testes com armamentos e projetos industriais,
e o uso maciço de pesticidas e fertilizantes. As pessoas
passaram a sofrer com a falta de água doce e as culturas na região estão sendo
destruídas pelo sal depositado sobre a terra. Nos últimos anos,
o vento tem soprado sal a partir do solo seco e poluído, e causado
danos à saúde pública. Há também relatos de alterações climáticas na região,
com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais
frios. A situação do Mar de Aral e sua região é descrita como a
maior catástrofe ambiental da história.
Há duas vertentes que pretendem explicar o processo de desertificação:
1.
Fenômeno Natural: o Mar de Aral
estaria morrendo naturalmente devido a fatores climáticos e geológicos
(vertente defendida oficialmente pelo governo soviético no início do fenômeno);
2. Fenômeno Antropogênico: o desvio das águas dos
rios que desembocam no Mar de Aral estaria causando o problema (vertente consensual defendida
atualmente).
Alguns peritos do governo soviético consideraram, na época, como “erro da natureza” o que estava acontecendo com o Aral. Um engenheiro soviético declarou, em 1968, que era “óbvio para todos que a evaporação do Mar de Aral era inevitável”,confirmando a tese de causas naturais. Contudo, já se sabia das manobras da União Soviética com as águas e das prováveis consequências das ações. Um outro membro do governo soviético, o engenheiro Aleksandr Asarin, salientou que o lago estava condenado, explicando que aquilo “fazia parte dos planos quinquenais, aprovado pelo Conselho de Ministros e do Politburo. Ninguém, de menor patente, ousaria dizer uma palavra contradizendo os planos”. Tal afirmação, em 1964, contribui com a certeza de que o perecimento do lago não foi uma surpresa para os soviéticos, pois eles esperavam que ela acontecesse muito antes.
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